Por Amanda Viegas
31 de maio de 2019 Escola
As festividades de junho e julho mobilizam grandes esforços de muitas escolas. Algumas delas, inclusive, paralisam suas atividades de rotina para se dedicar à organização da festa junina!
A animação é grande em torno das deliciosas comidas — como pé de moleque, canjica, pamonha, bolo de milho —, das bandeirinhas, das roupas, do chapéu de palha, dos meninos pintando bigodinhos e das meninas pintando sardinhas.
Entretanto, aspectos importantes sobre o entendimento dessa celebração são esquecidos: Seus alunos conhecem as origens das festas juninas? Sabem por que comemos tantas iguarias de milho e de onde vêm as danças? Sua escola aproveita os festejos para ensinar também os aspectos culturais e históricos para os estudantes?
Para ajudar você e sua escola a dar mais significado para a festa, aproveitando-a como prática pedagógica e, é claro, divertindo-se bastante, separamos 5 dicas:
Qual a origem da festa junina? Descobrir isso pode ser o primeiro passo para a contextualização da festa. É importante motivar os alunos a buscar essa resposta, para compreenderem a origem da tradição.
Saber que a tradição vem dos festejos de agradecimento aos santos pela colheita do meio do ano e que, por isso, a maioria dos quitutes é feita de milho, por exemplo, pode despertar neles o interesse pela história. "É necessário recuperar o porquê da tradição da quadrilha, das comidas, da fogueira, para que a festa junina não vire uma mera caricatura do mundo da roça", diz o antropólogo Jadir de Morais Pessoa, professor titular da Universidade Federal de Goiás, especialista em folclore.
Homem do campo não é Jeca Tatu. É interessante apresentar o campo de uma nova maneira e tirar o olhar de deboche sobre o caipira, representado muitas vezes pelas roupas exageradas ou por posturas imbecilizadas. "Trazer uma pessoa da roça para contar dos saberes, descaricaturizar o homem rural. Festejá-lo como sujeito portador de saberes", indica o antropólogo Jadir de Moraes.
Uma maneira de fazer isso é por meio de estudos sociais, geográficos, culturais e históricos. Entender como uma sociedade funcionava em determinada época, quais fatores influenciavam o modo de vestir, agir, alimentação, entre outros aspectos. Outra possibilidade é incluir literatura sobre o campo no trabalho em sala de aula, com o personagem Chico Bento, de Maurício de Sousa, para a Educação Infantil, o Poema do Milho, de Cora Coralina, para o Ensino Fundamental e a peça teatral A Moratória, de Jorge de Andrade, para o Ensino Médio.
Como trazer os estudantes para o projeto? A escola pode utilizar diversos recursos, como por exemplo, propor que os alunos participem da decoração, confecção de cartazes, fotos, escolha do repertório e coreografia das danças. Dessa maneira, os alunos sentem-se mais confiantes e envolvidos nos acontecimentos, além de poderem colocar a mão na massa e colaborar para que o evento ocorra e tenha uma identidade própria.
A Base Nacional Comum Curricular propõe uma série de habilidades e competências que os alunos devem desenvolver ao longo da Educação Básica para que se tornem cidadãos mais críticos e conscientes.
As competências e habilidades propostas pela Base devem ser trabalhadas dentro e fora da sala de aula, no ambiente escolar como um todo, em eventos e também em manifestações culturais promovidas pela escola. Sendo assim, a festa junina é uma oportunidade de implementar as orientações apontadas pela Base de uma maneira diferente e fora de sala.
Dessa forma, a celebração da festa junina pode ser uma maneira da escola de inserir essas competências e habilidades na realidade escolar. Em vez de a festa ser apenas um dia de dança, comida e customização, é adequado ir além dessa manifestação artística, para que os alunos compreendam o seu contexto histórico e geográfico.
O estudo por trás da festa junina pode ser trabalhado de várias maneiras e em diversas disciplinas — como Arte, Educação Física, Ensino Religioso, História e Literatura — com o objetivo de desenvolver as competências do aluno. A competência geral número 3 da Base, está relacionada diretamente a essa aplicação:
Competência 3: Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural.
Uma maneira de aplicar isso no contexto da celebração é destacando a origem dos trajes, como e por que eram utilizados naquele período e local. Além disso, analisar como os alimentos interferem na cultura de um povo, o simbolismo das cores e seus significados. Outra possibilidade é aproveitar a celebração para estudar personagens históricos como Lampião e Maria Bonita.
O importante é fazer com que os estudantes, familiares e a comunidade passem a ver essa data comemorativa com outros olhos, entendendo como surgiu e qual a sua história. A festa junina passa a ser não apenas um dia de celebração, mas sim, todo um estudo e uma valorização de manifestações artísticas e culturais.
A participação dos pais e familiares é importante para a escola como um todo em vários aspectos. No contexto da festa junina, quando comparecem, os pais estimulam a criança e reforçam a sua autoestima. Eles também podem contribuir na organização: as escolas podem convidar as famílias a preparar os comes e bebes, por exemplo, ou contribuir com os brindes que serão usados nas brincadeiras.
Além disso, a comunidade escolar pode abrir um espaço para que os membros da família participem e se candidatem a premiações, sorteios, atividades, entre outros. Vale ressaltar a importância desse relacionamento, que resulta em uma participação maior da família na comunidade escolar, fazendo com que eles se sintam inseridos e ativos na vida de seus filhos.
Afinal, essa participação interfere muito no seu desenvolvimento e por isso é essencial que a escola mantenha um relacionamento próximo e aberto com os familiares. Quer saber mais a respeito de como melhorar o relacionamento entre a escola e a família? Baixe o infográfico: