Por Betina Ribeiro
5 de jul de 2019 Gestão Escolar
Todas as escolas enfrentam uma série de desafios. Bullying, baixo desempenho dos alunos, falta de engajamento do corpo docente e evasão escolar são problemas comuns às instituições de ensino do Brasil. Naturalmente, as escolas buscam soluções para esses problemas, e é importante que uma estratégia seja traçada para atingir os resultados esperados. Contudo, essa estratégia deverá ser clara e ter sempre em vista a realidade da instituição de ensino.
Para isso, é importante que o objetivo da escola seja identificado e fique claro. Se o intuito é melhorar o resultado dos alunos no Enem, por exemplo, que tal estabelecer a nota que a escola pretende alcançar na próxima aplicação do Exame? Se o foco é aumentar o engajamento dos alunos em um projeto social, é possível determinar um percentual de participação dos estudantes ou criar uma campanha de arrecadações com prazo determinado. Deixar claros os objetivos da escola é tão importante quando determinar prazo e meta para cada um deles. Isso garante que as metas não se percam ao longo do ano letivo.
Continue lendo e saiba os passos a seguir para que essas metas saiam do papel!
O próximo passo é entender o que precisa ser feito para que esses objetivos sejam alcançados. Dessa forma, é imprescindível assimilar a realidade atual da escola e o quanto ela se distancia das metas determinadas. Assim, é possível avaliar quais metas são mais fáceis de cumprir e também quais são as mais difíceis.
Esse exercício vai ajudar na hora de estipular as prioridades. Afinal, por mais tentador que seja cumprir os objetivos de uma vez só, dividir o trabalho e a atenção entre vários projetos prejudica o foco e, por consequência, os resultados. Avaliar a importância e os impactos de cada um é fundamental, assim como escolher no máximo três deles para toda a escola atacar. E, claro, só abraçar novos planos depois de realizá-los.
Uma vez definidos os objetivos, pense nos problemas que impedem a escola de atingi-los. Depois, é preciso buscar a causa-raiz deles. Isso pode – e deve – ser feito buscando a opinião de todos os envolvidos: diretores, coordenadores, professores, funcionários, alunos e famílias.
O bullying é a agressão intencional e repetitiva, física ou verbal, direcionada a alguém ou a algum grupo vulnerável. Essa prática tem se tornado recorrente nas escolas, é um grande desafio de professores e gestores e pode demonstrar uma lacuna no ensino socioemocional.
Implementando o trabalho socioemocional com os alunos, a escola auxilia no desenvolvimento de características como empatia, autoconfiança, consciência da diversidade, resolução de conflitos, colaboração e comunicação. Através desse trabalho, os alunos aprendem a lidar e respeitar as diferenças, exercer a empatia o que, consequentemente, diminui a prática do bullying.
O ensino socioemocional ajuda, ainda, os alunos vítimas de bullying a lidarem melhor com a situação, uma vez que compreendem a importância da comunicação e aprendem a se expressar e a pedir ajuda, entendendo que não são inferiores ao outro.
O baixo desempenho dos alunos pode ser um reflexo de uma falta de acompanhamento dos resultados das avaliações. De nada adianta o trabalho com avaliações acabar no momento de sua aplicação aos alunos. Os resultados devem ser analisados a fim de que intervenções pedagógicas possam ser planejadas.
O ideal é que as avaliações façam parte de um ciclo em que o planejamento das aulas é feito, o conteúdo é ensinado, o aprendizado é verificado – por meio das avaliações – e intervenções pedagógicas são realizadas, com o objetivo de um melhor desempenho dos estudantes.
A falta de engajamento do corpo docente pode acarretar uma série de dificuldades no processo de ensino-aprendizagem. A insatisfação e baixo desempenho dos alunos podem ser resultados disso. Uma causa desse baixo engajamento pode ser a ausência de um processo efetivo de formação continuada ou de aplicação de ferramentas e práticas pedagógicas inovadoras.
A formação continuada de professores traz uma série de benefícios, uma vez que o professor desenvolve competências e habilidades necessárias para lecionar, como oratória, preparação de aula, uso da tecnologia em sala de aula, diagnóstico do desempenho dos alunos, entre outros. O desenvolvimento dessas questões provoca aulas mais interessantes e que prendam mais a atenção dos discentes, fazendo com que o engajamento do corpo docente melhore, assim como o desempenho dos estudantes.
A evasão escolar pode ser provocada por diversos fatores. A ausência de interesse e insatisfação dos alunos com as aulas pode ser um reflexo do tipo de metodologia utilizada pelo corpo docente, que pode se relacionar à ausência de um programa de formação continuada de professores.
As dificuldades e transtornos de aprendizagem são fatores influenciadores na evasão escolar. As dificuldades de aprendizagem podem demonstrar uma defasagem no desenvolvimento de competências e habilidades, uma incompatibilidade entre o método de ensino e o nível de aprendizagem dos alunos, falta de investimento em tecnologia e formação de professores. Já os transtornos de aprendizagem não decorrem de causas educativas, mas que podem ser contornados pela instituição de ensino. Dessa forma, cabe à escola ser interventora e propor ações que tenham como objetivo minimizar os problemas causados por essas condições.
Além desses fatores, a evasão escolar também pode estar relacionada a uma comunicação insuficiente com as famílias. Nesse caso, a raiz da questão pode estar associada ao acúmulo de tarefas do coordenador, que não consegue atender os pais de maneira adequada.
A escola e sua equipe devem procurar sempre enxergar os problemas da instituição como a ponta do iceberg: aquelas dificuldades latentes são, na verdade, sustentadas por questões muito maiores e mais profundas, que muitas vezes não são sequer percebidas em uma primeira análise. A melhor maneira de resolvê-las é desenhar um plano de ação voltado para a origem dessas dificuldades, para deixar claro o que deve ser feito e também para prever o acompanhamento e a revisão das atividades, gerando resultados efetivos.
Esse plano de ação pode ser desenhado na forma do Ciclo de Gestão do Ensino (CGE), que compreende quatro etapas: Planejamento, Desenvolvimento, Avaliação e Intervenção. O mais indicado é a formulação de um CGE para cada prioridade definida pela escola, de maneira que os ciclos possam ser trabalhados paralelamente e de acordo com o andamento dos planos de ação.
O Ciclo de Gestão do Ensino (CGE) é uma metodologia que pode servir de guia para a escola conduzir seus projetos e, assim, alcançar os seus objetivos – quaisquer que sejam. Ele foi desenvolvido a partir de processos de melhoria contínua e adaptado à realidade educacional, tendo como intuito ajudar as escolas a terem uma gestão de qualidade e alcançarem resultados satisfatórios junto aos alunos.
O CGE compreende 4 etapas: Planejamento, Desenvolvimento, Avaliação e Intervenção.
A etapa de Planejamento é a que dá início ao Ciclo de Gestão do Ensino. É o momento em que o cenário da escola deverá ser analisado e estudado, comparando-o com a meta proposto a fim de estabelecer o que deve ser feito. Toda a equipe escolar deve ser envolvida para definir as tarefas do projeto e determinar um prazo para elas, além de eleger um responsável para acompanhar o andamento e garantir as entregas.
Para que não haja dúvidas a respeito do que fazer, é fundamental ter clareza nas ações escolhidas. É importante, também, levantar quais recursos e ferramentas podem ajudar na execução do trabalho, para que seja possível providenciá-los na hora certa. Uma forma de ajudar a equipe escolar a saber se o ritmo dos trabalhos está adequado ou se alguma etapa do projeto está atrasada, é dividindo o objetivo final em prazos e resultados parciais.
Uma vez que as prioridades foram transformadas em tarefas – com responsável e prazo definidos –, as ferramentas necessárias foram providenciadas e os resultados parciais foram definidos, a escola passa para a etapa de Desenvolvimento. Esse é o momento em que as atividades são, de fato, colocadas em prática. Manter um registro atualizado de todas as tarefas e prazos do projeto é essencial ao longo do trabalho. Deve ser um documento claro e acessível a toda a equipe, no sentido de tornar evidente para cada integrante a sua importância e o seu papel em relação ao objetivo final.
A etapa de Avaliação começa à medida que as tarefas são concluídas. Nesse estágio, são analisados o andamento das atividades, os resultados parciais e o plano de ação. Esses aspectos devem ser analisados não apenas do ponto de vista quantitativo, como também do qualitativo. É importante procurar saber como está a rotina e o engajamento da equipe e identificar insatisfações ou dúvidas que possam afetar a qualidade do trabalho.
Uma vez que a fase da Avaliação indicar resultados parciais satisfatórios, o projeto pode seguir para a etapa de Desenvolvimento, repetindo esse ciclo até que o objetivo final seja alcançado. Se surgirem pontos de atenção, é preciso passar para a fase de Intervenção.
A finalidade da etapa de Intervenção é calibrar as tarefas, avaliar o desempenho dos responsáveis, o cumprimento de prazos e os resultados parciais do projeto com base no que foi observado na Avaliação. É importante que o contexto da escola seja revisitado, assim como o da equipe, uma vez que, provavelmente, isso mudou ao longo do tempo. A depender do que for constatado, faz-se necessário propor ações pontuais para retomar o andamento esperado do projeto. Após a aplicação de todas as intervenções necessárias, o ciclo deve ser reiniciado, retomando a etapa de Planejamento. Ações pontuais são incluídas no calendário do projeto, assim como os ajustes nos prazos e resultados parciais. A partir daí o ciclo se repete até que a prioridade escolhida pela escola seja cumprida.
O CGE tem como objetivo ser um direcionamento para o alcance das metas da escola. No entanto, vale lembrar que não adianta atacar uma dificuldade evidente – a ponta do iceberg – quando ela é sustentada por problemas muito maiores e mais profundos. Para cada prioridade escolhida, é fundamental buscar quais são as verdadeiras origens dos problemas.
O envolvimento integral da equipe em todo o processo tem muito a contribuir, desde a identificação dos problemas-raiz até a implementação do ciclo. O engajamento do time é muito maior quando cada um consegue perceber seu papel e sua contribuição na busca pelo objetivo final.
O Ciclo de Gestão do Ensino pode se repetir quantas vezes forem necessárias. Vale ainda lembrar que, quando se escolhe trabalhar três prioridades paralelamente, cada uma deve ter seu próprio CGE. Isso significa que, enquanto um plano de ação se encontra na etapa de Desenvolvimento, um outro pode já estar na de Avaliação. O importante é que cada um seja conduzido de maneira independente, sem que o andamento de um prejudique o de outro.
Os problemas enfrentados pela escola podem, muitas vezes, serem muito mais profundos do que aparentam ser, tendo causas que não são aparentes à primeira vista. Para resolver esses problemas, é preciso que eles sejam analisados mais a fundo, buscando a sua causa-raiz. Uma vez que for identificada, é possível traçar um plano de ação para sanar essas dificuldades.
O Ciclo de Gestão do Ensino é uma metodologia que pode ser utilizada para atingir quaisquer objetivos que a escola desejar. Ele compreende as etapas de Planejamento, Desenvolvimento, Avaliação e Intervenção, que funcionam de forma cíclica. Quer saber mais sobre como utilizar o CGE na prática? Baixe nosso infográfico gratuito: