Por Luísa França
17 de jul de 2018 Livro didático
Nas últimas décadas, surgiram muitas pesquisas sobre o funcionamento do cérebro, as etapas do desenvolvimento infantil e a construção do conhecimento. Mais do que trabalhos acadêmicos, os resultados desses estudos mudaram completamente a forma como o processo de alfabetização é conduzido.
Se no século XX gerações inteiras foram alfabetizadas por cartilhas, como a famosa "Caminho Suave", hoje a prática pedagógica é completamente diferente.
Os livros didáticos voltados a essa etapa utilizam outras metodologias para construir conceitos e propor atividades. Também existem situações em que o professor prefere não se apoiar em qualquer material didático pronto e usar situações e objetos do cotidiano.
Neste artigo, você vai ver como o livro didático é capaz de impactar o processo de alfabetização e as características que esse material deve ter para o bom resultado dos alunos. Acompanhe!
A rejeição ao uso de livro didático no processo de alfabetização surgiu a partir do momento em que se constatou que os materiais até então oferecidos focavam, geralmente, no ensino da leitura e da escrita a partir do método silábico.
A popularização de teorias sobre a construção do conhecimento, especialmente no que se refere à alfabetização, mudou a visão de educadores. Eles passaram a não se identificar com essas propostas e muitos decidiram abandonar os livros didáticos.
Porém, é válido destacar que a compreensão de conceitos defendidos por estudiosos como Emilia Ferreiro, Délia Lerner e Luis Carlos Cagliari (entre outros) também mudou a forma como os autores produzem obras didáticas para essa etapa.
Portanto, quando o professor de hoje abre um livro produzido especificamente para a etapa de alfabetização, sua experiência é muito diferente das antigas cartilhas. Isso porque esse tipo de obra oferece um grande apoio ao processo de ensino.
O livro didático voltado à alfabetização ajuda o professor a planejar boas propostas e oferece condições para que elas possam ser colocadas em prática na sala de aula.
Além disso, o caminho proposto no livro é baseado em estudos feitos pelo autor. Eles são condizentes com metodologias definidas e aperfeiçoadas à medida que se descobre como as crianças, de fato, aprendem os conteúdos.
Sendo assim, o livro didático oferece uma sequência didática (ou trajetória) que conduz o aluno ao domínio progressivo de um determinado componente curricular.
O fato de utilizar pressupostos teóricos embasados em estudos e uma metodologia definida facilita a aprendizagem. Cada passo permite que o professor explore a zona de desenvolvimento proximal dos alunos (ZDPs), favorecendo a construção de conhecimentos de forma simples e natural.
O livro didático tem ainda outra vantagem: otimiza o tempo em sala de aula. As atividades, exercícios e imagens estão ali no material, prontas e disponíveis. Aluno e professor não precisam prepará-los, o que deixa todo o período de interação dedicado à verdadeira construção do conhecimento.
Existem visões diferentes do processo de alfabetização. Os métodos são distintos (fônico, silábico, natural etc.) e, por isso, é fundamental certificar-se de que o material é compatível com a metodologia que a escola ou o professor desejam adotar.
Além disso, é válido lembrar que os alunos dessa fase estão iniciando a escolarização. Eles precisam de materiais que os ajudem não só a aprender, mas a se organizar em suas atividades.
Então, o layout do livro didático precisa ser atrativo para as crianças dessa faixa etária. Escolher ilustrações e textos apropriados instiga a curiosidade e o desejo de aprender. As atividades propostas devem ser desafiadoras, mas possíveis.
É essencial, principalmente, que o material didático tenha espaço para que o aluno interaja com o conteúdo e realize os exercícios ali mesmo. Quando a criança precisa recorrer a um caderno para registrar respostas, ela pode se "perder" durante as atividades.
Outro ponto importantíssimo é a presença de textos. É consenso, há algum tempo, que a alfabetização não deve acontecer a partir de palavras "soltas". A criança precisa ter contato com trechos ou obras que tenham uma finalidade comunicativa definida, que mostrem o uso real da linguagem e seu propósito na interação humana.
Quando destacamos o impacto do livro didático no processo de alfabetização, falamos de benefícios relacionados ao apoio prestado ao educador. No entanto, o aluno também encontra várias vantagens na adoção de obras voltadas a essa etapa.
O primeiro benefício é o fato de contar com uma trajetória de aprendizagem acessível e baseada em estudos. A escolha de atividades não é aleatória, o que faz com que o aluno domine a leitura e a escrita progressivamente.
O livro didático é também uma fonte de informação e consulta confiável. O aluno ou sua família podem recorrer a ele em momentos de dúvida, seja na sala de aula ou nas tarefas realizadas em casa.
Outro benefício do livro é a oferta de textos compatíveis com o nível de desenvolvimento da criança. O tipo de letra utilizado, o vocabulário apropriado, a exploração de rimas, as histórias simples — tudo facilita o contato com a leitura e o encantamento do leitor.
Finalmente, o livro serve como um guia. Por meio dele, não só o aluno consegue acompanhar as propostas didáticas feitas pelo professor, mas a própria família se torna capaz de verificar o processo e o progresso obtidos pelo estudante.
Sempre vale a pena lembrar que a ideia do livro didático na alfabetização não é realizar uma imposição. Por isso, dizer que uma obra ou coleção é a única que satisfaz plenamente a necessidade dos alunos é uma visão equivocada.
Como já foi destacado, existem conceitos diferentes sobre o processo de alfabetização. Cada professor ou escola deve escolher e utilizar as obras a partir de sua compreensão de que a proposta que existe ali é coerente com a metodologia praticada pela instituição.
É por isso que as principais editoras oferecem várias alternativas. As editoras da par - Ática, Scipione, Saraiva e Atual -, por exemplo, contam com as coleções Ápis, Marcha Criança, Ligamundo, Lumirá e Agora Eu Sei para as séries iniciais do Ensino Fundamental.
Isso significa que a construção do conhecimento é abordada de formas variadas por diferentes autores. O educador tem a oportunidade de encontrar uma proposta com a qual se sente confortável para trabalhar e em que ele acredita que terá resultados mais efetivos entre seus alunos.
Assim como em qualquer etapa do ensino, é fundamental manter um bom relacionamento com a família dos alunos no processo de alfabetização, uma vez que pais e responsáveis exercem um papel muito importante no desenvolvimento dos estudantes. Preparamos um infográfico sobre o assunto, que traz diferentes maneiras de manter um contato próximo com as famílias: